26 de outubro de 2008

Império bizantino e questão iconoclasta

Acaba de abrir em Londres a Bizantium 330-1453, uma grande exposição sobre a cultura e arte bizantinas ao longo de mais de mil anos. O caderno P2 do Público tem um desenvolvido trabalho sobre o assunto, da autoria da jornalista Alexandra Lucas Coelho. E citamos o evento e a cobertura jornalística aqui porque, num e noutro caso, são várias as referências a uma dimensão relevante da História da Imagem: a questão iconoclasta.


A exposição, patente na Royal Academy of Arts até 31 de Março de 2009, inclui uma parte sobre os célebres ícones da arte bizantina e, inevitavelmente, sobre o problema político e teológico-religioso da representação imagética do sagrado.
O trabalho do Público refere-se-lhe nos seguintes termos:

Seguem-se explicações sobre o Período Iconoclasta, no século VIII, quando o imperador Leão decide banir as imagens.
Porquê? Responde Cyril Mango no catálogo: o Islão estava em expansão vitoriosa, e porque eram os árabes tão vitoriosos, eles que não tinham imagens de Deus? Leão terá achado que os cristãos estavam a ser punidos por terem cedido à idolatria.
"Bizâncio começou com arte figurativa e depois veio um imperador e disse: foi um grande erro", sintetiza Robin no meio dos jornalistas. "E esse debate prolongou-se por mil anos."
O Período Iconoclasta teve várias consequências com impacto até hoje, e uma delas é o que sabemos da literatura antiga. Como não podiam fazer imagens, os bizantinos desse período concentraram-se em copiar livros, explica Cyril Mango, no catálogo. "O nosso conhecimento de literatura grega está muito confinado às cópias feitas durante Bizâncio. O que não foi copiado perdeu-se." Por outro lado, os bizantinos eliminaram dos textos o vernáculo, deixando-nos uma imagem distorcida da escrita da época.



No site da exposição encontra-se, entre outros motivos de interesse, um guia de natureza educativa que se refere também ao problema da iconoclastia. Ficam aqui algumas citações:
‘As the painters when they paint icons from icons, looking closely at the model, are eager to transfer the character of the icon to their own masterpiece, so must he who strives to perfect himself in all branches of virtue look to the lives of saints as if to living and moving images and make their virtue his own by imitation.’
Sacra Parallela, John of Damascus (Eighth-century)

‘The honour that is paid to the image passes on to that which the image represents and he who does worship to the image, does worship to the subject represented in it.’
Second Council of Nicaea, 787

Byzantine icons had a functional as well as an aesthetic aim: they were made as props in the face of joy and sorrow, happiness and pain. They received the prayers and veneration that passed through them to the ‘other’ world that they symbolized, and they were expected to reflect the powers of God.
Robin Cormack, in Byzantine Art

Byzantine iconophiles, or image-lovers, believed that icons were holy in their own right, and not solely devotional objects. Icons and their recurrent subjects – Christ as ruler of the world, the Virgin and Child, and a host of various saints – provided a moral example to worshippers, illuminating the importance of family life and reiterating Christian doctrine.
In Bizantium 330-1453 Exhibition Education Guide, 2008

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