13 de fevereiro de 2010

A fotografia e o percurso do fotojornalismo

José-Manuel Nobre-Correia, professor na Universidade Livre de Bruxelas, denuncia na sua habitual coluna dos sábados no Diário de Notícias, o que se tem vindo a passar, nas décadas mais recentes com as principais agências de fotografia de actualidade - morte ou crise grave.
A esse propósito traça um rápido panorama sobre a história da fotografia, em particular o seu uso como forma de e linguagem do jornalismo, recordando a entrada em cena das newsmagazines, o nascimento das grades agências como a Gamma ou a Sygma e, finalmente, a sua diluição, diante das grandes agências das fotos de ilustração, com destaque para a Corbis, fundada por Bill Gates.
"Uma amargurada rendição

J.-M. Nobre Correia

Historicamente, sabe-se de quando data a fotografia. Embora haja quem a atribua ao francês Nicéphore Niépce, em 1827. Enquanto outros preferem evocar o seu compatriota Louis Daguerre, em 1839. Ou até o britânico William Henry Fox Talbot, no mesmo ano. Embora só a partir de 1850 e da fotogravura química é que a foto tenha podido ser impressa.

Já o fotojornalismo é dificilmente datável. Digamos que a abordagem da actualidade pela foto foi emergindo em fins do século XIX. E que passou a ser uma componente importante da informação jornalística durante a Primeira Guerra Mundial : os leitores queriam ver os danos da guerra. Curiosidade que aumentou no período entre as duas guerras, momento áureo do fotojornalismo.

Nos anos 1950-70, o fotojornalismo sofreu a crise dos magazines ilustrados, vítimas da expansão da televisão. Perante a imagem animada, a fixa perdeu força. Até que, na charneira dos anos 1960-70, a criação das agências Gamma (1967), Sygma e Sipa Pres (ambas em 1973) veio relançar o fotojornalismo e deslocar o seu epicentro de Nova Iorque para Paris.

Esta nova fase áurea do fotojornalismo vai durar uma trintena de anos. A entrada em força das agências AFP, Reuters e EPA no sector, em 1985, impôs-lhes uma rude concorrência, obrigando-as a digitalizar a produção e a arquivação, e a recorrer à transmissão à distância. O que supôs um investimento financeiro que não conseguiram suportar.

Em 1989 entra em campo Corbis e em 1995 Getty Images, agências de fotos de ilustração (e não de informação) criadas respectivamente pelos magnatas William (Bill) Gates e Mark Getty (que a cede em Fevereiro de 2009 a um fundo de investimento). Corbis absorve Sygma e fá-la desaparecer em 2006. Gamma é declarada em falência em Janeiro. Sipa Press vai mal. E a célebre Magnum, fundada em 1947, acaba de vender o seu arquivo nova-iorquino ao magnata Michael Dell. Como uma rendição ao império da foto de ilustração, desconectado de um mundo que continua a pulsar ao ritmo das vicissitudes humanas?
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