De um texto hoje publicado no jornal digital Página 1, sob o título "A 20 de Novembro de 1963: Iniciadas as ligações telefónicas automáticas entre Lisboa e Porto":
“Nós é que fazíamos as ligações que os assinantes pretendessem”, recorda Maria Lurdes Oliveira, ex-funcionária da actual Portugal Telecom. O trabalho descreve-o como “pesado e exigente”. À sua frente, um painel com diversas tomadas. Cada uma correspondia a um telefone instalado. Sempre que um assinante quisesse contactar um outro, tinha que o solicitar à telefonista. “O assinante ligava, dizia a pessoa com quem queria falar e nós, através de uns
cabos, ligávamos”, conta. Depois de transferida a chamada, e uma vez que não havia forma de saber quando esta tinha terminado, a telefonista ia ouvindo a conversa para saber quando desligar os cabos.
Foi assim até à década de 40, época em que a APT (The Anglo Portuguese Telephone Company), empresa a quem foi adjudicado o contrato de fornecimento e montagem das primeiras instalações automáticas, iniciou a automatização das redes telefónicas. As cidades de Lisboa e do Porto, vistas como importantes focos de investimento, registavam um desenvolvimento mais acelerado quando comparadas com o resto do país. Ainda assim, o desenvolvimento e modernização das linhas era mais visível na cidade de Lisboa.
Documentos da época, agora na posse da Portugal Telecom, mostram que “as difi culdades de natureza económica, persistentes de forma mais evidente desde o fi nal da II Guerra Mundial, fi zeram com que a APT repensasse várias vezes a automatização da rede telefónica no Porto”.
Foi somente em 1952 que a “Picaria”, principal central da companhia telefónica na Região Norte, se automatizou. Passados seis anos, o automático já tinha sido instalado em todas as redes do perímetro urbano da cidade do Porto. Em 20 de Novembro de 1963, iniciou-se, então, o serviço interurbano Lisboa-Porto totalmente automático.
Serviço permanente, rapidez nas comunicações e melhores condições de transmissão, eram apenas algumas das vantagens do novo sistema. A telefonista deixou, defi nitivamente, de interferir nas ligações telefónicas. “Deixámos de ser nós. Os assinantes é que marcavam os números e as chamadas eram directas”, diz Maria de Lurdes Oliveira. (...)
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