19 de janeiro de 2011

75 anos da rádio pública em Portugal: "a telefonia que era de todos nós"

Em A telefonia que era de todos nós, a jornalista Ana Machado dá-nos, no Público, muitos dados de interesse para irmos consultar o livro em que se baseou para a peça: "A nossa telefonia". Nele o jornalista Joaquim Vieira, em conjunto com a RDP e três investigadores evocam os 75 anos da rádio pública em Portugal. "Eram tempos de outros protagonistas nos media. A rádio reunia as pessoas à sua volta, em torno da voz que saía da caixa".

Selecção de alguns dados:

  • Sobre o livro, afirma Joaquim Vieira: "Decidimos que, mais do que um anuário ou uma abordagem enciclopédica, queríamos descrever como evoluiu a rádio pública em função das várias políticas de comunicação social dos poderes que se foram sucedendo".
  • A primeira direcção da Emissora Nacional, lembra Joaquim Vieira, com Henrique Galvão no comando, tem noção já do lugar que a rádio ocupa na vida social e política portuguesa. Mas a programação do arranque da rádio pública é considerada densa e pouco apelativa a grandes massas. Na chegada aos anos de 1940, um homem sente que o veículo rádio poderia ser um instrumento mais mobilizador do que até então tinha mostrado ser. Chamava-se António Ferro.
  • (...)  com o advento da televisão a rádio manteve por algum tempo o seu protagonismo e efeito mobilizador. E as estrelas da rádio também. Mas só enquanto os aparelhos de televisão não chegavam a todos e o novo meio que aparecia em 1957 não se tinha ainda democratizado. Mas, mesmo com o aparecimento da TV, a rádio continuava a ser um meio agregador, lembra Joaquim Vieira: "O papel agregador da rádio continuou com a televisão, nomeadamente graças à guerra que se iniciou em 1961 e ao papel da onda curta, que permitia chegar às colónias."
  • "Em 1974 já se ligava mais à televisão. Aí o protagonismo da televisão já foi maior. Mas a velha rádio ainda faz passar a senha da Revolução de Abril. E é por ela que passa o Comunicado do Movimento das Forças Armadas que abre a porta do Portugal livre".
  • "O fascínio que a rádio exercia sobre as pessoas foi-se perdendo com a TV. Foi ocorrendo uma invasão do espaço privado por este meio novo. O fenómeno de escuta colectiva de rádio que ocorria passou a fazer-se em redor da TV. Não se pode dizer que a TV substituiu a rádio. Mas é verdade que lhe roubou protagonismo. Até o star system que existia na rádio deixou de existir com a TV. Deixámos gradualmente de ter uma relação com as figuras da rádio. E essa relação não volta mais. (...)", diz Joaquim Vieira sobre o locutor das manhãs da rádio pública hoje e noutros tempos.
Foto: Fernando Pessa 'entrevista' um Perú, no Natal de 1937

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